Apresentação

Somos do Grupo de Estudo do Programa Gestão da Aprendizagem Escolar - GESTAR II - dos municípios de Nova Olímpia e Tangará da Serra. Este portal tem o objetivo de interagir com todos os profissionais da área de matemática e áreas afins, principalmente, com nossos colegas participantes do programa de formação. Vamos utilizar esse blog para divulgarmos nossos trabalhos, trocar idéias e experiências, implementar e discutir propostas e atividades.
Por favor não me digam que não podem. Porque você pode. É só se levantarem e dizerem: Eu quero! Eu posso! Eu vou adiante!
Tony Melendez.
Um grande abraço a todos!!!!!!!!
Professor Everaldo Fernandes Barbosa.

Etnomatemática

Temos evidências de uma espécie, um tipo de australopiteco, que viveu há cerca de 2,5 milhões de anos e utilizou instrumentos de pedra lascada para descarnar animais. É fácil entender que, ao se alimentar de um animal abatido, a existência de um instrumento, como uma pedra lascada, permite raspar o osso, e assim não só aproveitar todos os pedacinhos, mas também retirar dos ossos nutrientes que não seriam acessíveis ao comer só com os dentes. A espécie passou a ter mais alimento, de maior valor nutritivo. Esse parece ter sido um fator decisivo no aprimoramento do cérebro das espécies que dominaram essa tecnologia.
O que tem isso a ver com Etnomatemática?
Na hora em que esse australopiteco escolheu e lascou um pedaço de pedra, com o objetivo de descarnar um osso, a sua mente matemática se revelou. Para selecionar a pedra, é necessário avaliar as suas dimensões e lascá-la o necessário e o suficiente para cumprir os objetivos a que ela se destina, exige avaliar e comparar dimensões. Mas avaliar e comparar dimensões é uma das manifestações mais elementares do pensamento matemático. Esse é um primeiro exemplo de como o homem desenvolve os instrumentos materiais e intelectuais para lidar com o seu ambiente. Um primeiro exemplo de Etnomatemática é aquela desenvolvida pelos australopitecos do neolítico.
A Matemática começa a se organizar como um instrumento de análise das condições do céu e das necessidades do cotidiano. Em todos os rincões do planeta e em todos os tempos, foram desenvolvendo-se idéias matemáticas importantes na criação de sistemas de conhecimento e, conseqüentemente, comportamentos necessários para lidar com o ambiente, para sobreviver e para explicar o visível e o invisível.
A cultura, que é o conjunto de comportamentos compatibilizados e de conhecimentos compartilhados, inclui valores. Numa mesma cultura, os indivíduos dão as mesmas explicações e utilizam os mesmos instrumentos materiais e intelectuais no seu dia-a-dia. O conjunto desses instrumentos se manifesta nas maneiras, nos modos, nas habilidades, nas artes, nas técnicas, nas ticas de lidar com o ambiente, de entender e explicar fatos e fenômenos, de ensinar e compartilhar tudo isso, que é o matema próprio ao grupo, à comunidade, ao etno. O conjunto de ticas de matema num determinado etno é o que chamo Etnomatemática. Claro, em ambientes diferentes, as Etnomatemáticas são diferentes.
Etnomatemática não significa a rejeição da matemática acadêmica, como sugere o título tão infeliz que o jornal Chronicle of Higher Education deu para uma excelente matéria que publicou sobre Etnomatemática: “Good Bye, Pythagoras”. Não se trata de ignorar nem rejeitar a matemática acadêmica, simbolizada por Pitágoras. Por circunstâncias históricas, gostemos ou não, os povos que, a partir do século XVI, conquistaram e colonizaram todo o planeta, tiveram sucesso graças ao conhecimento e comportamento que se apoiava em Pitágoras e seus companheiros da bacia do Mediterrâneo. Hoje, esse conhecimento e comportamento, incorporados na modernidade, conduzem nosso dia-a-dia. Não se trata de ignorar nem rejeitar conhecimento e comportamento modernos. Mas sim de aprimorá-los, incorporando a ele valores de humanidade, sintetizados numa ética de respeito, solidariedade e cooperação.
Conhecer e assimilar a cultura do dominador se torna positivo, desde que as raízes do dominado sejam fortes. Na Educação Matemática, a Etnomatemática pode fortalecer essas raízes. De um ponto de vista utilitário, o qual não deixa de ser muito importante como uma das metas da escola, é um grande equívoco pensar que a Etnomatemática pode substituir uma “boa matemática acadêmica”, que é essencial para um indivíduo ser atuante no mundo moderno. A Etnomatemática terá utilidade muito limitada na sociedade moderna. Mas, igualmente, muito da matemática acadêmica é absolutamente inútil na sociedade moderna. Quando digo “boa matemática acadêmica”, estou excluindo o que é desinteressante, obsoleto e inútil e que, infelizmente, domina os programas vigentes.
É óbvio que uma “boa matemática acadêmica” será conseguida se deixarmos de lado muito do que está nos programas sem outra justificativa que não um conservadorismo danoso e uma justificativa de caráter propedêutico: “é necessário aprender isso para adquirir base para poder aprender aquilo”. O fato é que o aquilo deve cair fora e, com maior razão, o isso. Por exemplo, é inadmissível pensar hoje em aritmética e álgebra sem a plena utilização de calculadoras. O raciocínio quantitativo, que dominou a Educação Matemática e a própria Matemática a partir da Baixa Idade Média, está hoje integrado nas calculadoras e computadores. O raciocínio qualitativo é a grande contribuição para ramos da Matemática que se desenvolveram na segunda metade do século XX, tais como estatística, probabilidades, programação, modelagem, fuzzies e fractais.
A Etnomatemática privilegia o raciocínio qualitativo. Um enfoque etnomatemático sempre está ligado a uma questão maior, de natureza ambiental ou de produção, e a etnomatemática raramente se apresenta desvinculada de outras manifestações culturais, tais como arte e religião. A Etnomatemática se enquadra perfeitamente numa concepção multicultural e holística de educação.
A proposta pedagógica da Etnomatemática é fazer da Matemática algo vivo, lidando com situações reais no tempo (agora) e no espaço (aqui). E, por meio da crítica, questionar o aqui e o agora. Ao fazer isso, mergulhamos nas raízes culturais e praticamos dinâmica cultural. Por tudo isso, eu vejo a Etnomatemática como um caminho para uma educação renovada, capaz de preparar gerações futuras para construir uma civilização mais feliz.

Registre suas considerações sobre o texto de referência “Etnomatemática”, e pense em como a Matemática pode ser aplicada às Ciências Sociais, como proposto na situação-problema da Seção 1.

Multiplicidade de Possibilidades e a sociedade atual (TP5, pág. 15, seção 1).
Objetivos:
• Refletir sobre o papel da multiplicidade e da quantidade de informação na formação e na resolução de novas formas de problemas sociais.
• Iniciar-se no estudo dos métodos de contagem.

Observe que, no texto da situação problema, a matemática contribui para o fortalecimento de senhas (que é uma questão social), assim como, fazem-se uso da matemática para “quebrar” senhas, conhecido como “engenharia social” no qual constroem sistemas computacionais para testar as possibilidades de senhas.

23 comentários:

  1. Unknown disse...

    EM SE TRATANDO DE ETNOMATEMATICA TEMOS UM GRANDE AVANÇO NO ENSINO DE MATEMATICA. ESTA PERMITE AO PROFESSOR CONCEBER O ENSINO DE UMA FORMA MAIS AMPLA, DANDO SIGNIFICADOS A VARIOS TEMAS QUE MUITAS VEZES PARA O ALUNO PARECE NAO TER VALOR NENHUM. O ALUNO QUANDO COLOCADO A FRENTE DE ALGUM PROBLEMA REFERENTE AO COTIDIANO ELES MODIFICAM SUA LINHA DE PENSAMENTO DE MODO QUE ELE CHEGUE MAIS RAPIDO A CONSTRUÇÃO DO SEU CONHECIMENTO.

  2. Unknown disse...

    A matemática se faz presente em todos os momentos da vida de uma pessoa. por tanto ela pode resolver situações em todas as áreas, até mesmo, na ciências sociais. Por isso é interessante se trabalhar com etnomatemática nas escolas públicas, tornando o ensino da matemática mais presente nas situações cotidianas dos alunos.

  3. Unknown disse...

    Trabalhar com etnomatemática é interesante para nós professores de matematica de Nova Olímpia , pois temos muita imigração. E a etnomatematica trabalha muito com o cultural , os costumes etc.

  4. Unknown disse...

    A Etnomatemática vem contribuir de forma significativa com o trabalho do professor possibilitando um fazer pedagógico capaz de atingir o aluno.

  5. Marcio C S disse...

    "A etnomatemática surgiu na década de 70, com base em críticas sociais acerca do ensino tradicional da matemática, como a análise das práticas matemáticas em seus diferentes contextos culturais. Mais adiante, o conceito passou a designar as diferenças culturais nas diferentes formas de conhecimento. Pode ser entendida como um programa interdisciplinar que engloba as ciências da cognição, da epistemologia, da história, da sociologia e da difusão."
    ACHO IMPORTANTE ESTA DISCUSSÃO SOBRE O ENSINO .. MAS TEM MUITOS QUE ESTÃO DEIXANDO OS CONCEITOS PARA TRAZ..
    NÃO TEM NECESSIDADE DE DECORAR FORMULAS E TABELAS MAS TEM A NECESSIDADE DE ENTENDER COMO SURGIU E COMO
    CONSTRUIR.

  6. Unknown disse...

    ensinar matemática através da etnomatemática é um fator importante para uma aprendizagem significativa, na qual possibilita o aluno a perceber que a matemática está relacionada com o nosso cotidiano e que ela pode ser bastante explorada nas aulas de matemática, e aos poucos afastar o medo dos alunos em relação a essa disciplina

  7. Unknown disse...

    A etnomatemática como proposta pedagógica, torna-se um importante instrumento no auxílio didático para o professor, que pode utilizar de mais instrumento pedagógico para complementar suas aulas.

  8. Unknown disse...

    mportante trabalhar com etnomatematica em sala de aula, pois quando a aprendizagem surge dos conhecimentos prévios de cada aluno, a matemática se torna mais atraente o que desenvolve o raciocínio lógico.

  9. Unknown disse...

    A etnomátematica é uma ferramenta pedagógica que bem trabalhada pode sim aproximar o aluno de conhecimentos matemáticos dentro de sua comunidade ou etnia, porém como diz o texto, não podemos descartar a matemática acadêmica, mas se trabalhar um projeto bem elaborado trazendo problemas do ambiente de vivência de nossos alunos, a matemática pode ser apresentada a eles como uma solução dessa problemática, quebrando esse paradigma de que a matemática está sendo "descartada".

  10. Unknown disse...

    o aluno quando se depara com atividades do seu cotidiano ele se sente a vontade e interessa para resolver,a etnomatemática mostra ao aluno que a matemática está presente no seu dia a dia facilitando assim sua aprendizagem.

  11. Ivete disse...
    Este comentário foi removido pelo autor.
  12. Anônimo disse...

    A matemática deve ser trabalhada dentro de um contexto, envolvendo situações diversas a fim de motivar o aluno para o aprender. A etnomatemática nos permite embasar o estudo através da história, levando a o aluno ao desafio.

  13. Ivete disse...

    A matemática deve ser trabalhada dentro de um contexto, envolvendo situações diversas a fim de motivar o aluno para o aprender. A etnomatemática nos permite embasar o estudo através da história, levando a o aluno ao desafio.

  14. Emerson disse...
    Este comentário foi removido pelo autor.
  15. Unknown disse...

    A etnomatemática vem nos mostrar as diversas formas de ver matemática de maneira clara e explícita,nas várias situações vivenciadas pelo aluno no seu cotidiano. Ela mostra a realidade dos números,presentes em tudo que fazemos,em tudo que queremos e em tudo que sonhamos,a diferença está na interpretação de cada um.

  16. Unknown disse...

    A etnomatemática e o estudo da matemática, procurando valorizar o conhecimento de nosssa realidade, aproveitando o conhecimento do dia_dia dos alunos e mostrando sua utilização en projetos e pesquisa
    mesmo utilizando a etnomatemática não devemos desprezar o conhecimento produzido pelas civilizações, apenas podemos aperfeiçoar e mostrar a sua utilização na vida prática.

  17. Emerson disse...

    Ao longo dos anos as civilisações mais antigas adquiriram técnicas e conhecimentos que os ajudaram a melhorar e aperfeiçoar suas formas de produçãa, esses conhecimentos eram passados de geração para geração.
    A Etnomatemática surgiu com o propósito de unir os conhecimentos adquiridos empiricamente de geração para geração com os conhecimentos teóricos, buscando sempre explicar e dar significado às técnicas utilizadas.Lembrando sempre que a etnomatematica não desconsidera a matemática acadêmica e nem tão pouco o conhecimento empírico. O que ela procura fazer é contextualizar a forma de fazer matemática.

  18. Unknown disse...
    Este comentário foi removido pelo autor.
  19. Unknown disse...

    Trabalhar com a Etnomatemática é desenvolver uma matemática voltada a realidade e necessidade de nossos alunos,aproveitando o conhecimento que ele trás do seu dia a dia para a sala de aula,podendo até transformar esses conhecimentos em conceitos, relacionando a prática com a teoria.

  20. Unknown disse...
    Este comentário foi removido pelo autor.
  21. Unknown disse...

    A etnomátematica é uma proposta metodológica que vem contribuir para o ensino e aprendizagem em matemática. Com uma boa proposta de trabalho e pesquisa podemos fazer uma ponte entre os conhecimentos matemáticos da comunidade estudada e o conhecimento matemático acadêmico, despertando assim um interesse maior nos alunos pela aprendizagem matemática.

  22. Unknown disse...

    Etnomatemática acredito como uma das melhores opções de trabalho que podemos ter no momento porque tudo depende da interdisciplinaridade, mesmo porque trabalhar matemática a partir de fatos culturais ou relacionados a eles se torna mais interessante e útil a cada pessoa isso ajudará a resolver muitas questões sociais que dependem de raciocinio lógico os quais demandam certas habilidades matemáticas.Acredito também que assim os educandos terão mais facilidade de contextualizar os textos com a matematica bem como interpretá-los.

  23. Unknown disse...

    jucileide disse 12/11
    a etno é uma exelente ferramenta de ensino e provavelmente de estimulo para os alunos, visto que nessa nossa nova sociedade nada causa interesse para eles, mas é muito importante que o professor saiba como conduzir o processo pois os alunos podem levar pelo lado da bagunça e ai o professor pode perder o dominio da sala, e ai nem aula nem nada. é muito importante que ele possa se concientizar da sociedade que vive e levar da casa para a sala de aula não só os problemas de casa(brigas) mas tambem situações problemas que eles possam visualizar sua resoluçoes em sala de aula e assim pudesse valorizar o estudo de uma forma abrangente e levasse essas informações para o dia a dia de suas vidas.isso é o que eu penso e sempre que posso e vejo que a turma tem condiçoes emocionais e atitudinais de serem trabalhados situações problemas do contidiano em sala, eu proponho, explico e aplico, e até agora as poucas vezes que fiz funcionou, mas deu muito trabalho.

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